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Projeto interrompido da PF já gastou R$ 150 milhões com drones

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Os dois veículos aéreos não tripulados da PF estão empoeirados na base de São Miguel do Iguaçu (PR) e não voam desde janeiro de 2016

Os dois veículos aéreos não tripulados (Vants) da Polícia Federal estão empoeirados na base de São Miguel do Iguaçu (PR) e não voam desde janeiro de 2016. Denúncia do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito Federal encaminhada à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Tribunal de Contas da União (TCU) foi obtida pelo Correio. O documento aponta que o governo já gastou mais de R$ 150 milhões no projeto e não há, no momento, nenhum piloto em condições de voar.

A entidade que representa os policiais relata que entre 2011 e 2016 a PF fez apenas mil horas de voo, enquanto o projeto inicial indica que deveria ter voado mais de 40 mil horas. As aeronaves podem voar 37 horas ininterruptas, possuem um alcance operacional de dois mil quilômetros e atendem todos os requisitos técnicos para voar em todo o espaço aéreo brasileiro. Os Vants foram comprados em 2009 por US$ 27,9 milhões de uma empresa israelense.

Entretanto, em 2016 foram feitas apenas 35 horas de voo. O último contrato de manutenção das aeronaves custou R$ 35 milhões aos cofres públicos, o que indica que cada hora de voo custou R$ 1 milhão, conforme estimativa do SIndipol-DF. Os dois Vants estão montados em cima de cavaletes dentro do hangar de São Miguel do Iguaçu. Todos os equipamentos eletrônicos foram retirados e encaixotados. Tanto as aeronaves como os componentes eletrônicos estão sem manutenção desde agosto de 2016.
O projeto inicial previa um investimento de R$ 855 milhões que resultaria na compra de 14 aeronaves não tripuladas, na construção de quatro bases de operação, das quais uma seria construída em Vilhena (RO ), outra em Tefé (AM) e uma no Distrito Federal. Além disso, duas bases móveis deveriam ser adquiridas para operações em ocasiões especiais e grandes eventos. Era previsto que 45 pilotos fossem capacitados ao longo dos anos.

Em 2012, o Tribunal de Contas da União (TCU) questionou o gasto de US$ 13,43 milhões da PF com a Israel Aerospace Industries (IAI), que forneceu os Vants e a capacitação aos policiais, os cursos teórico e prático para 13 operadores. O órgão de controle considerou os valores desproporcionais. A compra dos Vants foi uma das principais propostas apresentadas pela presidente Dilma Rousseff na campanha eleitoral de 2010. À época, a então candidata era criticada pelo adversário José Serra (PSDB-SP), pela falta de fiscalização das fronteiras.

Na avaliação do presidente do Sindipol-DF, Flávio Werneck, os problemas para que os Vants funcionem decorrem de dificuldades de gestão na PF. Ele detalhou que o projeto é essencial para o monitoramento de fronteiras e para auxiliar a efetividade de operações do órgão. “Segurança pública é prestação de serviço à sociedade. Temos policiais capacitados para operar as aeronaves e eles não são aproveitados. Os órgãos de controle precisam apurar esse caso”, detalhou. 

Remodelamento

Em nota, a PF informou que até o ano passado o projeto era exclusivamente uma ferramenta de inteligência e atuava primordialmente para monitorar áreas de fronteira. Entretanto, a partir de setembro de 2016 “optou-se por ampliar o escopo original remodelando e redimensionando o projeto inicial. O departamento de Polícia Federal ainda destacou que foi constituída uma comissão cujo escopo é o de propor melhorias relativas à modernização da utilização das aeronaves.

Conforme a PF, a intenção é utilizá-las não apenas como ferramenta de inteligência, mas também como ferramenta operacional e de investigação que possibilite a atuação em o todo território nacional, incluindo a Amazônia Legal. O departamento, entretanto detalhou que informações sobre o número de pilotos e os gastos com o projeto são sigilosos. Estariam à disposição apenas dos órgãos de controle.

Fonte: Correio Brasiliense

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