A elite das águas brasileiras, como também é conhecido o Núcleo Especial de Polícia Marítima (NEPOM) da Polícia Federal, foi criado em 1999, como resposta às diretrizes internacionais em relação ao patrulhamento marítimo. O primeiro dos 12 estabelecidos atualmente no Brasil foi o de Porto de Santos, considerado o principal porto brasileiro e o maior complexo portuário da América Latina.
Anos depois, em 2005, foi reconhecida a necessidade de estabelecer um núcleo em Santa Catarina, uma vez que o estado também tem forte vocação portuária. Itajaí foi a primeira cidade a receber a estrutura e formar uma equipe. Anos depois, em 2011, foi a vez de Florianópolis instituir um núcleo especial. Além desses municípios, o estado catarinense conta com um Grupo Especial de Polícia Marítima em Joinville.
Todos os NEPOMs de Santa Catarina são chefiados por agentes, papiloscopistas ou escrivães da PF, os chamados EPAS.
Em Itajaí, o trabalho é chefiado pelo Agente de Polícia Federal Jorge Maurício Froeder. Ele integra o grupo desde o início de sua criação, em 2005, mas assumiu a função de liderança, oficialmente, em 2015. Já em Florianópolis, a equipe tem passado por transições. O APF Anderson Arias, único remanescente da primeira turma de policiais federais do NEPOM de Florianópolis, acaba de se aposentar. Arias passou a chefia para o PPF Muller, que também está encerrando a carreira na PF e acaba de ser substituído pelo APF Malafaia.
Qualificação e afinidade com a área
As mudanças de efetivo não ocorrem com frequência e não costumam interferir na atuação dos grupos. As técnicas e os ensinamentos utilizados operacionalmente costumam ser repassados entre colegas e só assume a função de chefe quem de fato têm experiência e expertise para tal. Por isso, as unidades do NEPOM no estado são consideradas exemplos de meritocracia, reconhecimento aos profissionais e boa gestão.
Além disso, os policiais que compõem os Núcleos Especiais de Polícia precisam passar por uma série de cursos e formações. “Todos os policiais federais são habilitados para suas funções de operadores marítimos, com curso avançados em navegação costeira e de mergulho, além de outras qualificações individuais”, explica o PPF Muller.
O APF Froeder destaca que além das qualificações necessárias, é importante que o policial federal tenha afinidade com a área. Isso porque, por mais glamuroso que possa parecer navegar sobre grandes e tecnológicas embarcações pelas águas brasileiras, a realidade do trabalho é pesada.
“Sempre estamos debaixo do sol extremo ou da chuva. Se a embarcação precisa de reparo, somos nós que temos que fazer ali os ajustes. Além disso, o Porto de Itajaí é considerado o segundo em movimentação de containers no Brasil. Só perde para o de Santos”, afirma, destacando o volume de trabalho ao qual os núcleos estão submetidos.
Patrulhamento portuário e proteção ambiental
Além do patrulhamento rotineiro, os NEPOMs realizam, ainda, a fiscalização do tráfego internacional nas dezenas de navios que atracam e desatracam nos portos de Santa Catarina (de Imbituba, Itajaí e Itapoá) e identificam entradas clandestinas no país. De acordo com a PF, centenas de pessoas tentam adentrar o país ilegalmente, por meio de embarcações.
Com o passar do tempo, o NEPOM também agregou outra função importante da PF: a repressão a crimes ambientais. Arias explica que, para isso, eles trabalham em parceria com órgãos de proteção ambiental como o Ibama, ICMBio e Polícia Civil.
“Temos reservas marinhas, extrativistas e áreas de proteção ambiental. São muitos locais que precisam de uma atenção maior dos órgãos em relação à preservação de sua biodiversidade”, justifica Arias. “Temos uma equipe muito dedicada a isso. Nunca usamos o baixo efetivo como desculpa e nos unimos às outras forças para fazer o melhor trabalho possível”.
Estrutura e clima organizacional
Para desempenhar essas atividades, os NEPOMs também contam com uma estrutura especial.
“Possuímos uma frota com embarcações, com um pequeno barco de apoio, passando por motos aquáticas e embarcações infláveis para patrulha em mar interior, até lanchas cabinadas – de 36 e 42 pés – de patrulha costeira. Somando a esses náuticos, é aguardada a aquisição pela PF de uma nova embarcação de patrulha, de última geração. Se não é o ideal, esses equipamentos, com um grande esforço na gestão da manutenção, têm nos garantido atender nossas demandas no mar”, defende o APF Arias.
A combinação de policiais especializados, chefes que possuem admiração e validação de suas equipes, formação adequada e estrutura material para trabalhar reflete no clima organizacional. “Gosto muito do que eu faço, sou realizado na minha profissão. Há 21 anos me realizo com o trabalho como policial federal e desde 2005 fazendo parte desse time dinâmico que é o Nepom de Itajaí”, conclui o Agente d Polícia Federal Froeder.