No ano passado, o governo federal anunciou que o concurso da Polícia Federal, aplicado este ano, convocará 1500 novos policiais. De fato, é um número expressivo, se comparado aos concursos anteriores, mas ainda insuficiente para suprir a demanda do órgão. Estimativas dão conta de que para resolver o déficit seria necessário chamar pelo menos três vezes mais aprovados.
Segundo a presidente do Sinpofesc, Karin Cristina Peiter, esse é só um dos motivos pelos quais o sindicato apoia o movimento dos candidatos aprovados entre os excedentes.
“Nos últimos anos, o rol de atribuições dos policiais federais cresceu muito: crimes cibernéticos, escândalos de corrupção supercomplexos, apoio à CPI, ajuda na escolta das vacinas, mudanças no SINARM, necessidade de maior controle das regiões de fronteira e muito mais. Para que essas e outras missões sejam cumpridas com êxito, precisamos de efetivo”, comentou a presidente.
O agente administrativo Diego Muraro Bortolini, do Setor de Recursos Humanos da Superintendência Regional de Santa Catarina, é um dos candidatos aprovados no certame de 2021, que integra a comissão de excedentes. A motivação, de acordo com ele, é maior que realizar o sonho de ser policial federal. “Eu sou da casa, sei da necessidade de efetivo, da importância de preencher esses cargos vagos”, justifica. “E estou muito confiante de que seremos chamados”, completa.
Diego passou para o concurso de agente administrativo da Polícia Federal em 2014, em quarto lugar, e seguiu estudando para realizar o sonho de se tornar policial. Em 2018, ele ficou a poucos pontos da nota de corte. Já, este ano, passou mas não no número de vagas divulgado pelo governo.
Apesar da ansiedade, ele se diz confiante, já que acompanhou o esforço do órgão para realizar do órgão para promover a seleção. “São 350 mil inscritos em todo o país, mais de R$ 40 milhões investidos. É um concurso complexo, caro, que demanda um esforço muito grande. Não há porque não chamar os excedentes”, defende Diego.
Ele explica que esses candidatos que não passaram no número de vagas estão nessa situação por causa de um ou dois pontos, o que não os desqualifica nem intelectualmente, nem nas demais etapas do concurso. “Não tem que desperdiçar a seleção. Inclusive, o órgão tem a tradição de chamar, sim, todos os aprovados para as próximas etapas”, ressalta ele.
Além do Sinpofesc, Diego diz que o movimento dos excedentes também tem o apoio de outras entidades como a Fenapef e a ANSEF, além de deputados estaduais, deputados federais e senadores.
O grupo também já foi recebido pelo Diretor de Gestão de Pessoal da PF, Oswaldo Gomide, que reafirmou os posicionamentos anteriores da Gestão do órgão, no sentido de se empenhar ao máximo para que todos os aprovados sejam convocados para a fase final do concurso, aproveitando o certame já em andamento.
O presidente da Fenapef, Luís Boudens, lembra que em 2018 a Fenapef, sindicatos e demais entidades da PF contribuíram para o maior aproveitamento dos candidatos com notas suficientes, através de uma grande mobilização.
“Esse chamamento acaba sendo benéfico para todos, principalmente para a sociedade, porque se tem a previsão de mais PFs sendo empossados e tornando muito mais barato que a realização de um novo concurso”, explica o Boudens.