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Soma das partes

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Inicio meu contato por este canal de comunicação com uma frase do saudoso Wallace Stevens, poeta americano (1879 – 1955): “Na soma das partes, só existem as partes”. Stevens se referia, na ocasião, à estrutura da linguagem: “Só poderemos decifrar, com precisão, o significado de uma sentença, decifrando cada palavra individualmente”. Guardem esta ideia, pois, no final, voltaremos a ela.

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Comitiva do SINPOFESC em Brasília. Da esquerda para a direita: Carlão, Toppor, Signor, Dimas, Marcelo e Corbal.

Em data próxima passada o professor Ricardo Balestreri, o qual ocupou cadeira principal na Senasp, fez referência a um tal “sistema jabuticaba”, exclusivamente nosso e único no mundo e comparativamente tão ruim, apenas, quando olhamos, por exemplo, para uns poucos países no continente africano. A quem interessa uma polícia eficiente? A quem interessa um aparelho policial uno, preparado e bem informado? Números negativos não nos faltam. Alguém discorda de que 8% de “eficiência” em solução de homicídios, em média, em nosso país, é dado escandaloso? Alguém discorda que diante destes números e de outros, bem parecidos para outros crimes, estamos diante de um cenário desastroso? Alguém discorda de que a atual estrutura das polícias militares, construídas em grupos de combate, pelotões, companhias, batalhões e com uma hierarquia composta por doze níveis é totalmente desconexa da realidade urbana e eficiência policial? Para onde iam e o que fariam aqueles blindados que circulavam com armamentos de calibre .50 e 7.62mm em Vitória nestes últimos dias? Alguém discorda de que uma polícia civil cartorária se afasta das cenas do crime? Alguém discorda de que uma perícia afastada do corpo policial se tornará mais lenta e sujeita às conhecidas mazelas econômicas pontuais dos estados? Alguém discorda de que o corporativismo de determinadas classes e instituições impedem a formação do nosso “cardume”? (metáfora biológica que gosto muito e citada, também, por alguns estudiosos de segurança pública).

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Voltemos à citação do início: “Na soma das partes, só existem as partes”. Nossa participação na manifestação em Brasília no dia 08 de fevereiro passado, evidenciou a existência de muitas instituições que, por falta de objetivo comum (como se não existisse), não construíram, ao longo dos tempos, uma amálgama policial. No gramado do congresso, dia nublado, quente e seco, iam chegando, aos poucos, os guerreiros regionais. Os tipos físicos denotavam, junto com sotaques diversos, as regiões de origem. Alegres por estarem ali e desiludidos pelas informações negativas a que tiveram acesso ao longo dos dias precedentes. Imaginar que haveria necessidade de percorrer tantos quilômetros de estrada para se fazer um manifesto na capital do país, reivindicando, apenas, o direito a uma aposentadoria em condições físicas aceitáveis (já que as condições econômicas não serão das melhores). Imaginar que haveria necessidade de procurar o apoio de políticos que, em sua maioria, desconhecem nossos problemas e sequer se interessam por eles? Imaginar que haveria necessidade de abandonar suas funções, mesmo que por poucos dias, para tentar convencer uma pequena parcela política, a qual também necessita de segurança, de decidir que o policial deve se aposentar antes da morte?

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O governo federal, ao suscitar modificações na legislação previdenciária, tocando em um ponto nevrálgico para nossas carreiras e vidas, iniciou um processo de união das tais “palavras” em futuras “sentenças”.

Carlos Eduardo Tavares da Costa

Presidente do SINPOFESC

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